domingo, 26 de setembro de 2010

Matar os Personagens

As ultimas sessões de RPG que eu tive como mestre, me levaram á situações que me fizeram refletir sobre esse assunto - quando o mestre deve matar os personagens.

Enquanto eu mestrava, o grupo de aventureiros devia atravessar um ponte de madeira que passava sobre um penhasco, e tinha que fazer um teste de equilíbrio, para passar. Um por vez, todos passaram sem problemas, exceto o meio-orc bárbaro que falhou miseravelmente...
"Enquanto você caminha pela ponte, você se desequilibra" - eu falei - "Por instinto e reflexos, você se agarra ás cordas das quais serviam de corrimão, mantendo-o pendurado pelo elo de suas mãos que a segurava, enquanto a ponte se inclinava para o abismo"
De acordo com o livro - era uma aventura pronta - ele deve fazer um teste para poder se agarrar ás cordas, que terminou em mais um fracasso. Com a falha o meio-orc iria "mergulha em uma escuridão, até o fundo subterrâneo, resvalando nas pedras durante o percurso" que iria causar... 20 dados de 6 de dano que não fariam nada menos que mata-lo. O que você, como mestre, teria feito?

Eu salvei ele.

"Agarrado ás cordas, você usa sua força para poder subir na ponte, porém, teve de sacrificar a sua arma, largando-a ao abismo, pois sua espada o desequilibrava e a tentativa poderia ser frustrada sem as duas mãos".

A aventura mal tinha começado, e nós acabamos de entrar no lugar, e gastariamos mais um tempão fazendo a ficha do infeliz.
Ele saiu vivo, porém não sem um preço. Ele perdeu a única arma que tinha, e não conseguiria outra até que um companheiro desse uma, ou que matassem um inimigo que tivesse, e até lá, ele teria que ficar fora do combate ou teria que lutar de mãos vazias.

E esse post é justamente sobre isso. Quando você (mestre) deve, e quando não deve matar o personagem.

Quando salvar o personagem.
Claro que não da pra salvar os caras o tempo todo. Depende do personagem.
Você deve salvar o personagem quando ele foi mal aproveitado, quando ele tem potencial e se tornou alguém de personalidade forte. Um personagem, seja arrogante, paranoico, honrado ou com seus parafusos a menos (além de muitas outras possiveis características) é um personagem com personalidade. Da mesma forma, o mestre deve salvar o personagem quando a aventura está apenas no inicio, e uma morte nesse momento seria frustrante para os jogadores, porque afinal, a ideía do jogo é se divertir. Um exemplo disso seria quando eu salvei o meio-orc.
Mas com essa salvação, pode trazer uma consequencia interessante, como a perda da mochila (com artefatos valiosos ou suprimentos, que levaria os aventureiros devolta a uma cidade, para repor o que foi perdido, dividindo o que tem com o membro que perdeu a mochila), armas, ou um ferimento grave.

Quando deixar o personagem morrer
Certo... Mas as aventuras são cheias de desafios, e elas não vão ser tão desafiadoras se o mestre deixar que seja facil.
Deixe que acontessa, só quando ele merece, ou quando for emocionante - uma morte marcante.
Um exemplo do primeiro - o que merece - é aquele jogador, que tem um personegem que vive somente pelo Hack-N'-Slash. Sem personalidade e sem graça. Geralmente esses personagens sãos bárbaros ou guerreiros (ou ambos). Outros exemplos são, o Apelão, e o famoso (e infernal) Advogado de Regras, que passa meia hora (ou mais) da sessão, com um livro na mão, ditando o que ta escrito, pra provar que está certo, e discutindo com você sobre regras. Esse cara, é o que você não precisa salvar.
Já o segundo - o da morte marcante - ele pode não ser apelão, pode não ser um advogado de regras, tem personalidade, mas ele teve seu azar com os dados e com os pontos de vida. Essa morte vai encerrar sua vida como aventureiro. Depois de ter ficado famoso por seus feitos, sua morte tem de ser marcante. O aventureiro vai deixar de ser um herói, para se tornar uma lenda.

Se você tem um grupo, que como eu, demora o dia inteiro pra fazer as fichas porque fica se revisando o livro e escolhendo talentos, prepare um ficha reserva antes da sessão, com a classe que você acha que está faltando no grupo - tipo clérigo, que no meu caso, ninguém do grupo quer ser - já atribuindo uma história a ele com um gancho, como "O grupo encontra um prisioneiro na masmorra, que é um clérigo de Tempus, o deus das batalhas, enviado lá pela por uma ordem (como a Mais Nobre Ordem do Coração Radiante ou os Cavaleiros do Dragão Púrpura ou qualquer uma) para investigar e querendo cumprir sua missão, se junta ao grupo".

Talvez com outras opiniões, eu modifique um pouco o post =D
Abraço do halfling

6 comentários:

  1. Ótimo pergaminho, nobre halfling. Meus parabéns!

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  2. Valeu Odin, obrigado pelo elogio =D

    Depois de jogar só com personagens e então jogarem cima de mim o trabalho de ser um mestre, eu começo a me questionar sobre o papel do mestre.

    E quando um dos personagens estava prestes a morrer - a história do meio-orc é verdadeira - eu pensei em refletir sobre isso no futuro e fazer um post =D

    Alguém reconhece a cena da ponte de alguma das "aventuras prontas"? =P

    Abraço

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  3. Muito bom esse post, Halfling! Eu também acho legal quando algum personagem morre como um mártir, para salvar o resto do grupo. Aquele Paladino que fala pros outros correrem e fugirem enquanto ele segura os mortos-vivos e perece em seu feito. Esse é um personagem com personalidade.

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  4. Muito bom post,
    muito bom mesmo acho que tudo que foi dito é a mais pura verdade, personagens sem graça não merecem viver muito pois ele "quebram" todo o role play da sessão pois ficam falando:
    "-Já tá bom vamos ao combate."
    "-Teste de diplomacia?eu ataco ele com meu machado!"
    e assim em diante...

    ^_^

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  5. Caras, no meu grupo nenhum personagem tinha morrido ainda, então todos andávamos como se fossemos imortais ou invulneráveis... até o dia em que a nossa Bárbara morreu pelas mãos traiçoeiras de servos de Bane.

    Depois da morte da personagem, todo mundo anda agora com o cu na mão hahahaha. Os caras tem medo até de abrir portas agora.

    A morte da nossa bela e destrutiva Bárbara serviu de lição: Não somos invenciveis.

    Abraços.

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  6. Cara... quando o jogador pede para morrer.. mate-o.

    As vezes você da inúmeras pistas sobre um inimigo, mas os jogadores a ignoram e preferem apelar para a boa espada. Nesse caso... deixe-os enfrentar as consequencia.

    Ja vi grupos morrem para kobolds, tudo porque dispensaram a proteção de uma boa armadura para ter esquiva... Ja viu alguém esquivar embaixo de uma rede?

    Bem, os personagens merecem morrer qdo cavam a própria sepultura!

    F.L.DIAS
    RPGames Brasil
    http://rpgamesbrasil.blogspot.com/

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